Ditadura, Democracia e Resistência para Quem

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Mais fotos do debate “Arte como Guerrilha”

 

Fotos: Olívia Pedroso

 

 

 

 

 

Fotos do quarto e último debate da série “Ditadura, Democracia e Resistência para Quem””

Fotos das intervenções no quarto debate: “Arte como Guerrilha?”

 

 

 

 

 

 

Áudios do quarto debate: “Arte como Guerrilha?”

Disponibilizamos abaixo os áudios do quarto debate da série “Ditadura, Democracia e Resistência para Quem”.

Em breve disponibilizaremos os vídeos no blog debatesdequem.wordpress.com

 

1) Provocação de Quem e João Godoy: http://www.4shared.com/audio/WA67nml2/Arte_como_Guerrilha_01_-_Provo.html

2) Jaime Ginzburg: http://www.4shared.com/audio/m14A72IH/Arte_como_Guerrilha_02_-_Jaime.html

3) Maria Tendlau: http://www.4shared.com/audio/-kivOSW8/Arte_como_Guerrilha_03_-_Maria.html

4) Vladimir Safatle: http://www.4shared.com/audio/VVjHSWZ9/Arte_como_Guerrilha_04_-_Vladi.html

5) Debate: http://www.4shared.com/audio/BxmLIyv7/Arte_como_Guerrilha_05_-_Debat.html

Provocação do quarto debate: “Arte como Guerrilha?”

 

“Ditadura, Democracia e Resistência para Quem

Sábados de Outubro, às 14:00.


29/10 – Teatro da Universidade de São Paulo – TUSP

Rua Maria Antônia, 294 – Vila Buarque – Sâo Paulo – SP

 

 

 

“Arte como Guerrilha?”

Vladimir Safatle – professor livre-docente de filosofia da USP

Maria Tendlau – diretora de teatro, professora e curadora do Centro Cultural São Paulo

Jaime Ginzburg – professor livre-docente de Literatura Brasileira da USP e integrante do NEV (Núcleo de Estudos da Violência da USP)

João Godoy – cineasta, diretor do documentário “Vala Comum” (1994) e professor assistente da Escola de Comunicações e Artes da USP

Mediador: Eduardo Socha – doutorando em Filosofia (USP)

* Tendo em vista que o TUSP precisa do teatro liberado às 17h30, iniciaremos a sessão de debates impreterivelmente 

às 14h.


Todos os debates da série “Ditadura, Democracia e resistência para Quem” contam com uma provocação direcionada aos palestrantes, de autoria de Quem. A relativa ao quarto dia é o artigo que segue abaixo.



ARTE COMO GUERRILHA ? 

A instauração de regimes de exceção na América Latina provocou uma série de manifestações artísticas de oposição às ditaduras e de crítica à chamada “arte de museu”, considerada ideologicamente comprometida com os interesses das classes dominantes. A proposta era fazer a arte circular, invadindo espaços, passando de mão em mão, subvertendo os padrões estéticos e políticos consoantes à ordem estabelecida.

Em 1975, cédulas de Cruzeiro veiculavam a pergunta “Quem matou Herzorg?”. Tratava-se do projeto “Inserções em circuitos ideológicos” do artista Cildo Meireles. No início de 2011, o coletivo Quem pôs em circulação cédulas de Real que questionavam “Quem torturou Dilma Rousseff ?”. Foi o início de um trabalho de resgate, atualização e reconfiguração de manifestações artísticas de resistência às ditaduras latino-americanas.

Mas Quem sabe que a tensa articulação entre arte e política certamente excede o debate, hoje talvez datado, entre a arte engajada, combativa, instrumentalizada para a difusão de mensagens políticas concretas, e a dita arte autônoma, preocupada com o desdobramento formal interno de suas linguagens específicas. Tal articulação também não pode ser reduzida à mera “estetização da política”, ao espetáculo de fascínio montado para as massas que Benjamin já identificava nas estratégias da propaganda fascista e que significava nada menos do que a liquidação da dimensão política.

Se, entre as funções da arte, caberia portanto aquela de produzir imagens a fim de desestabilizar algumas das práticas sociais em curso, Quem pergunta sobre o papel que a arte desempenhou e ainda pode desempenhar em nosso imaginário social ligado à realidade brasileira após o golpe de 1964. Dessa questão, emanam outras: como dar conta de representações estéticas à altura do sofrimento provocado pelas violações sistemáticas aos direitos humanos na história recente do país, cuja cultura repressiva e de impunidade ainda se faz visível nas diferentes esferas de atuação social? Como romper o circuito criado por setores da indústria cultural brasileira que visam mitigar o campo imagético e simbólico desse período, influenciando diretamente nossa percepção política do presente? Para além das discussões sobre arte engajada ou arte autônoma, as obras de arte poderiam, afinal, atuar como dispositivos críticos no sentido de resguardar nosso direito à memória e consequentemente de transformar o ainda vacilante “processo de consolidação democrática no Brasil”? No pólo oposto ao da “estetização da política”, Quem quer saber se ainda é possível apostarmos em uma genuína e democrática “politização da arte”.

Áudios do terceiro debate: “Silêncio e Interditos da Memória”

Disponibilizamos abaixo os áudios do terceiro debate da série “Ditadura, Democracia e Resistência para Quem”.

Em breve disponibilizaremos os vídeos no blog debatesdequem.wordpress.com

1) Provocação de Quem e Jeanne Marie Gagnebin: http://www.4shared.com/audio/R9iMDZVQ/Silncio_e_Interditos_da_Memria.html

2) Glenda Mezarobba: http://www.4shared.com/audio/BwMmzuP5/Silncio_e_Interditos_da_Memria.html

3) Márcio Seligmann-Silva: http://www.4shared.com/audio/ehbZN4c9/Silncio_e_Interditos_da_Memria.html

4) Debate: http://www.4shared.com/audio/T-eYyRsP/Silncio_e_Interditos_da_Memria.html

 

Áudios do segundo debate: “1964-2011”

Disponibilizamos abaixo os áudios do segundo debate da série “Ditadura, Democracia e Resistência para Quem”.

Em breve disponibilizaremos os vídeos no blog debatesdequem.wordpress.com

1) Provocação de Quem e Deisy Ventura: http://www.4shared.com/audio/THbOMFcT/1964-2011_-_Provocao_e_Deisy_V.html

2) Janaina Teles: http://www.4shared.com/audio/e40JzAXz/1964-2011_02_-_Janaina_Teles.html

3) Marlon Weichert: http://www.4shared.com/audio/1jBPSUIE/1964-2011_03_-_Marlon_Weichert.html

4) Lançamento do livro “A esquerda e o golpe de 64”– Miguel Haishida: http://www.4shared.com/audio/IrLv8STc/1964-2011_04_-_Lanamento_do_li.html

5) Debate: http://www.4shared.com/audio/Ao4webUe/1964-2011_05_-_Debate.html

Provocação do terceiro debate

“Ditadura, Democracia e Resistência para Quem

Sábados de Outubro, às 14:00.

 

22/10 – Memorial da Resistência

 

“Silêncio e Interditos da Memória”

Glenda Mezarobba

Jeanne Marie Gagnebin

Márcio Seligmann-Silva

Mediador: Jonnefer Barbosa

 


Todos os debates da série “Ditadura, Democracia e resistência para Quem” contam com uma provocação direcionada aos palestrantes, confeccionada por Quem. A relativa ao segundo dia é o artigo que segue abaixo.


 

Memória de Quem?

Contra o esquecimento, Marcuse dizia que a memória é capaz de recordar, em igual medida, tanto o terror quanto a esperança: o primeiro, na forma de cicatrizes e traumas nunca completamente curados; a segunda, na forma de promessas de felicidade que projetam um mundo diferente do estabelecido a partir das feridas não fechadas do passado.

O terror não rememorado retorna na história. E por quê? Porque somos impedidos de reelaborar e revisar nosso passado a partir da experiência empírica e dos projetos políticos de indivíduos e grupos sociais que viveram a violência, íntima e concretamente. Ora, o século XX nos explicitou essa estratégia comum dos governos autoritários, que consiste em eliminar definitivamente da memória os traços de Quem se opõe a eles. Da fumaça dos incineradores de Auschwitz aos inúmeros corpos amontoados na vala clandestina de Perus, sempre se trata de um duplo assassínio: dos próprios indivíduos e das expectativas políticas que cada um deles encarnava. Daí porque o desaparecimento de uma memória individual leva, necessariamente, à dissolução da própria memória social.

Há apenas memória social. Portanto, não devemos nos esquecer de lembrar: a amnésia coletiva é algo que absolutamente não nos é permitido. A tarefa urgente de recuperar os traços apagados de Quem foi vítima direta ou indireta da ditadura brasileira não pode se reduzir à elaboração de tristes biografias que, não raramente, culminam num heróico calvário. A palma do martírio ou os louros do heroísmo contribuem, tanto quanto as pás de terra sobre ossadas anônimas, para a anulação da memória. Cada uma dessas estratégias espolia a memória social dos seus traços, seja apagando-os, seja individualizando-os: ou o nome desaparece da história ou ele ganha um lugar privilegiado na história. Por isso, Quem acha que é preciso dedicar alguma atenção a essa estratégia cada vez mais recorrente das direitas: o apelo à história como instrumento privilegiado de uma política do esquecimento.

A memória é muito mais do que um deslocamento até o passado, muito mais do que um mecanismo de conhecimento histórico; ela constitui o próprio semblante desse passado no presente, a condição de possibilidade da história. Logo, o exercício da memória não é só uma inflexão em direção ao terror vivido; antes disso, é um advento e uma captura das necessidades e esperanças presentes, quer dizer, um momento libertador da lembrança. Quem acredita que a memória de um povo é uma forma política bastante profícua de resistência a qualquer tipo de barbárie, pois admite estabelecer uma ligação mais fidedigna entre passado e presente, combater o esquecimento (traumático e social) e fortalecer, tanto a identidade de cada afetado pela violência, quanto a memória do grupo de afetados pela agressão, pelo subjugo e pelo silenciamento.

A memória funciona, simultaneamente, como uma condição e uma arma política de combate capaz de testemunhar e investigar a violência havida. Então, tendo em vista que só há memória social, devemos retomar os traumas individuais de modo a reconfigurá-los socialmente, ou seja, despsicologizando-os, desvitimizando-os. Vitimizar implica despolitizar, porque só se leva em conta o sofrimento traumático individual, apagando o alicerce de todo processo histórico-político. E a analise desse processo histórico-político demonstra que a ditadura civil-militar no Brasil veio para garantir a manutenção de certo estágio do capitalismo brasileiro, aniquilando décadas de organização social em torno de projetos socializantes.

Assim, Quem acredita ser urgente, no atual momento histórico, lutar por uma reelaboração do passado unida à autocrítica do presente: reelaborar e revisar o passado, sim, mas sempre atribuindo sentido crítico ao presente, ou melhor, sempre tendo em conta os despojos sobre os quais nossa memória social está se constituindo. Se a memória for lida nesses termos, quer dizer, como instrumento de mediação histórica, cultural, social e política, fazer uma “reconstrução” dos projetos políticos do nosso país é um imperativo.

Áudios do primeiro debate: “Verdade e Justiça para Quem”

Disponibilizamos abaixo os áudios do primeiro debate da série “Ditadura, Democracia e Resistência para Quem“.

Em breve disponibilizaremos os vídeos no blog debatesdequem.wordpress.com

1) Provocação de Quem e Paulo Abrão: http://www.4shared.com/audio/arxyqZ7N/Verdade_e_Justia_para_Quem_01_.html?

2) Luiza Erundina: http://www.4shared.com/audio/jmc7tAKy/Verdade_e_Justia_para_Quem_02_.html?

3) Edson Teles: http://www.4shared.com/audio/6vOHe69u/Verdade_e_Justia_para_Quem_03_.html

4) Paulo Arantes: http://www.4shared.com/audio/OljWkGr2/Verdade_e_Justia_para_Quem_04_.html?

5) “Cumpra-se” – Marcelo Zelic: http://www.4shared.com/audio/kVH2lgJw/Verdade_e_Justia_para_Quem_05_.html?

6) Debate: http://www.4shared.com/audio/UYrNCFIQ/Verdade_e_Justia_para_Quem_06_.html

Provocação do segundo debate

“Ditadura, Democracia e Resistência para Quem

Sábados de Outubro, às 14:00.


15/10 – Faculdade de Direito da USP

“1964-2011”

Deisy Ventura

Janaina Teles

Marlon Weichert

Mediador: Guilherme de Almeida


Lançamento do Livro “A esquerda e o golpe de 64” – Ed. Expressão Popular



Todos os debates da série “Ditadura, Democracia e resistência para Quem” contam com uma provocação direcionada aos palestrantes, confeccionada por Quem. A relativa ao segundo dia é o artigo que segue abaixo.


 

Transição democrática: o último e surpreendente refúgio da ditadura

Pelo menos desde a aprovação da Constituição de 1988 existem pesquisas a respeito da relação entre a violência amplamente disseminada na sociedade e nas instituições brasileiras e o autoritarismo do regime civil-militar, relação essa que ocorreria devido a uma transição controlada, “gradual, lenta e segura”. Recentemente, esse campo foi renovado e, de certa maneira, reformulado. Atualmente, o debate é norteado pelo questionamento de quais seriam os legados do regime de exceção, não apenas na manutenção da violenta máquina de controle policial e militar, mas também em outros setores da vida política e social.

Quem acredita que para entender o que resta da ditadura civil-militar no Brasil é necessário, primeiramente, saber a que veio e o que foi a ditadura. Só esquadrinhando como se constituiu, reproduziu e operou o regime opressor é que se torna possível delimitar precisamente seus vestígios.

Nesse sentido, Quem afirma que, para além das faces mais claras do resquício autoritário, vale dizer, a violência policial nas ruas – que, dentre outras atrocidades, oprime desfavorecidos e movimentos sociais e políticos – e a prática disseminada de tortura nas delegacias e nas penitenciárias brasileiras, há algo mais que deve ser levado em conta: a herança política e econômica que a ditadura nos deixou como resultado do seu incansável esforço para garantir a manutenção de um certo estágio do capitalismo brasileiro.

Não é de se estranhar, portanto, que a repressão foi apoiada e financiada pelo alto empresariado nacional e multinacional, que foi, por sua vez, escoltado pela repressão. Assim, não basta apenas nos perguntar por Quem torturou, Quem matou,Quem humilhou; ao lado da indústria estatal de horrores, havia o capital de Quemfinanciou e de Quem se beneficiou com este regime.

Nessa medida, pensar e pesquisar o que resta da ditadura no Brasil abre caminhos para compreender o entulho autoritário nas instituições e nas leis, mas também o entulho autoritário que permanece na ideologia perversa de uma sociedade que condena a política e o conflito democrático em nome da conciliação consensual e da dinâmica do possível (a fala do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, do DEM-BA, defendendo, na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei do governo petista que cria a Comissão da Verdade talvez seja uma das expressões mais acabadas e sintomáticas desse modus operandi).

Perguntar pelos oficiais civis da ditadura militar permite compreender com maior clareza os interesses em jogo no campo político e jurídico – colonizados pelos interesses econômicos. Permite, ademais, compreender por que figuras como Delfim Netto e José Sarney são aliados a partidos identificados historicamente com a luta social. Enfim, possibilita, a Quem, compreender certos fenômenos esquizofrênicos da cena nacional, como, por exemplo, a empresa Camargo e Côrrea: financiadora da Operação Bandeirante; ré na extinta “Operação Castelo de Areia”; mas, ainda assim, doadora de mais de 30 milhões de reais para campanhas de partidos como PSDB, DEM e PT.

Por isso, Quem afirma que se se quer falar de consolidação da democracia, isso só pode ocorrer da seguinte maneira: com a reforma de instituições como as polícias e o Judiciário; com a garantia dos direitos humanos fundamentais; mas, ainda, com a revisão dos contratos de concessão dos meios de comunicação e com profunda investigação sobre a relação entre políticos e o grande empresariado nacional.  De outra maneira, a dita “transição democrática” continuará sendo o último e mais surpreendente refúgio do regime de exceção.

Provocação do primeiro debate

“Ditadura, Democracia e Resistência para Quem

Sábados de Outubro, às 14:00.


08/10 – Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP)

“Verdade e Justiça para Quem”

Paulo Abrão

Edson Teles

Paulo Arantes

Luiza Erundina          



Todos os debates da série “Ditadura, Democracia e resistência para Quem” contam com uma provocação direcionada aos palestrantes, confeccionada por Quem. A relativa ao primeiro dia é o artigo que segue abaixo (foi publicado no jornal Brasil de Fato).

 

Verdade e Justiça para Quem

 

A Comissão da Verdade e Justiça não pode, pois, ter medo de dizer que possui o direito e o dever de revisar a história.

 

19/07/2011

 

Coletivo político Quem

 

Quem sabe se não me cabe, mesmo, o papel desagradável de remexer nas cinzas e de levar até o fim o combate à ditadura, para que ela seja exterminada em seu último e surpreendente refúgio, o da ‘transição democrática’?“. Quem sabe! Essa desagradável tarefa não é apenas a do sociólogo Florestan Fernandes, mas é a tarefa de Quem.

A ideia da reconciliação nacional aparece dentre os objetivos do projeto de lei que cria a Comissão Nacional da Verdade, sendo substituída pela expressão consolidação da democracia na importantíssima emenda que será proposta pela deputada Luíza Erundina. No entanto, as duas redações não apontam para o horizonte político que deve envolver o debate sobre a Comissão da Verdade e Justiça por sustentarem uma mistificação: a de que já haveria no Brasil uma verdadeira democracia, para cuja completa consolidação apenas alguns passos faltariam.

Quem quer combater a ditadura e o que resta dela precisa ter coragem para colocar em questão o mito da democracia brasileira. Não nos enganemos, advertia Florestan Fernandes, “a democracia burguesa é, em si e por si mesma, uma mistificação: em nome da liberdade, ela cassa a liberdade dos trabalhadores; em nome da igualdade dos cidadãos, impõe a supremacia social da burguesia; em nome da representação, consagra o monopólio do poder pelas elites dirigentes das classes dominantes”.

Afinal, Quem diz que a democracia já é uma realidade sugere que o futuro chegou, que o bonde da história estacionou em sua parada final: a democracia brasileira. Mas isso só pode interessar a Quem quer abafar o clamor expectante daqueles setores oprimidos da sociedade civil que, desde a década de 1930, ampliavam seu coro por uma revolução brasileira. Se a ditadura civil-militar veio para garantir o fracasso de uma tentativa de reestruturar o regime de produção sobre novas bases, a democracia que a sucedeu não passa da mais bem acabada forma de realização deste mesmo objetivo. Quem são esses que nunca deixaram o poder, e que negociaram entre si a reconciliaçãoQuem torturou,Quem matou, Quem ocultou cadáveres? A consolidação deste tipo de regime democrático interessa a Quem. 

A fim de que as atrocidades cometidas no passado não se repitam, é essencial a criação de uma Comissão da Verdade e Justiça. O mínimo que se espera deste trabalho é que ele seja capaz de, por um lado, averiguar as violações de direitos humanos e apurar as responsabilidades dos perpetradores de crimes de lesa-humanidade e, por outro, desvelar a cadeia de repressão e a imbricada máquina de destruição arquitetada pelo regime autoritário. Mas há um outro passo ainda mais fundamental.

Para além de discutir a violação dos direitos humanos, a Comissão deve resgatar a memória dos afetados como sujeitos históricos portadores de projetos políticos, e, sobretudo, explicitar a complexa rede de interesses de classe então existentes. Se é preciso dizer claramente Quem torturou, também devemos dar nome a Quem publicou e continua publicando jornais que colaboraram com o regime, que emprestaram seus carros para levar presos políticos a celas de tortura. Deve ser dito Quem matou, mas tambémQuem governou e continua governando. É preciso dizer Quem ocultou cadáveres, mas também Quem lucrou e continua lucrando com a manutenção da ordem econômica garantida no passado pelo chumbo das Forças Armadas e, no presente, pelas balas verdadeiras ou de borracha de uma polícia, não por acaso, militar.

A Comissão da Verdade e Justiça deve ser capaz de exigir o deslocamento da discussão dos efeitos para a causa, da tortura para a vontade que a motiva, dos direitos humanos para a estrutura do Estado e da sociedade. Quem silencia um discurso não o faz somente escondendo da sociedade documentos oficiais, eternamente sigilosos. Toda censura exige a ção de uma nova versão dos fatos que finge desvelar uma verdade, porque não há melhor mordaça do que a cooptação da testemunha. A Comissão da Verdade e Justiçanão pode, pois, ter medo de dizer que possui o direito e o dever de revisar a história.

A verdade não repousa nos fatos à espera da sua pacífica descoberta; tampouco a história é o tempo do desvelamento progressivo da verdade. Verdade e história não são nada além do dito de Quem ganha uma luta: a luta de classes.

Este texto é de autoria do coletivo político Quem.

http://brasildefato.com.br/node/6877

Alteração na programação

A deputada Luiza Erundina comporá também a mesa do primeiro dia do evento, que ficou estruturada da seguinte forma:

 

08/10 – Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP)

“Verdade e Justiça para Quem”

Luiza Erundina

Paulo Abrão

Edson Teles

Paulo Arantes

 

Marlon Weichert comporá a mesa do segundo dia com Janaina Teles e Deisy Ventura:

 

15/10 – Faculdade de Direito da USP

“1964-2011”

Deisy Ventura

Janaina Teles

Marlon Weichert

Mediador: Guilherme de Almeida

Sábado, 15 de outubro de 2011: “1964-2011”

Sábado, 29 de outubro de 2011: “Arte como Guerrilha?”

Série de Debates: “Ditadura, Democracia e Resistência para Quem”

O Coletivo Político Quem convida para a série de debates:

“Ditadura, Democracia e Resistência para Quem

Sábados de Outubro, às 14:00.

 

 

PROGRAMAÇÃO

 

08/10 – Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP)

“Verdade e Justiça para Quem”

Luiza Erundina

Paulo Abrão

Edson Teles

Paulo Arantes

 

15/10 – Faculdade de Direito da USP

“1964-2011”

Deisy Ventura

Janaina Teles

Marlon Weichert

Mediador: Guilherme de Almeida

 

22/10 – Memorial da Resistência

“Silêncio e Interditos da Memória”

Glenda Mezarobba

Jeanne Marie Gagnebin

Márcio Seligmann-Silva

Mediador: Jonnefer Barbosa

 

29/10 – Centro Universitário Maria Antonia

“Arte como Guerrilha?”

Vladimir Safatle

Maria Tendlau

Jaime Ginzburg

João Godoy

Mediador: Eduardo Socha

 

APOIO

Memorial da Resistência – Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo – http://pinacoteca.org.br

Teatro da USP – Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária – http://www.usp.br/tusp

ZAGAIA – http://www.zagaiaemrevista.com.br/site

IDEJUST – http://idejust.wordpress.com/

Grupo Tortura Nunca Mais São Paulo – http://www.torturanuncamais-sp.org/site/

Armazém Memória – http://www.armazemmemoria.com.br/

Núcleo Memória – www.nucleomemoria.org.br

 

Série de Debates “Ditadura, Democracia e Resistência para Quem” 

O objetivo central do debate é questionar o que foi e o que resta da ditadura civil-militar brasileira. Nessa medida, serão discutidas a criação e implantação da Comissão Nacional da Verdade, a Justiça de Transição no Brasil e a relação entre arte e resistência política. Os encontros acontecerão aos sábados, às 14h, nos dias 8, 15, 22 e 29 de outubro, ocupando diferentes espaços públicos, todos eles simbólicos da luta contra a ditadura.

O coletivo político Quem promove debates e provocações estéticas com a intenção de discutir as relações ainda existentes entre a ditadura civil-militar e a incipiente democracia brasileira. Com o nome Quem, questionamos quais eram os atores que lutaram contra e a favor da ditadura e de que forma essa mesma disputa permanece até hoje. Se perguntamos por Quem matou, torturou e lucrou com a ditadura, é para recuperar a voz de Quem foi morto e torturado, resgatar seus projetos políticos e entender por que eles ainda precisam ser calados.


Contamos com sua presença.


Sobre o Coletivo:

– Blog do coletivo: quemtorturou.wordpress.com

– Blog do evento: debatesdequem.wordpress.com

– Artigo a respeito da Comissão da Verdade publicado no Brasil de Fato: http://www.brasildefato.com.br/node/6877

– Matéria na Folha de São Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/poder/919913-grupo-usa-nome-de-dilma-para-pedir-comissao-da-verdade.shtml